Encadernação

Os diferentes métodos e técnicas de união de folhas que fazem o papel "passar de bidimensional para tridimensional", da folha para o livro foram evoluindo ao longo da história, tendo o Conservador Restaurador o privilégio de os observar e analisar em cada livro no qual intervém.

Quando um livro estruturalmente está em bom estado de conservação, ou seja, a encadernação encontra-se coesa e funcional, é dispensado o desmanche, procedendo-se a tratamento fólio a fólio. Ocorrem por vezes situações em que o papel está em relativo bom estado mas a encadernação está completamente comprometida, geralmente acontece quando esta é ou mal concebida ou os materiais utilizados são de inferior qualidade. Nestes casos é feito um registo do esquema de encadernação, depois é desmanchado o livro por cadernos e por fólios, é feito o tratamento necessário fólio a fólio, para no final se optar por:

- Não encadernar - os fólios são organizados nos cadernos e estes ordenados, acondicionados numa caixa acid-free produzida para o efeito, sendo a vantagem principal o acesso mais fácil e menos perigoso para ser digitalizado. Geralmente a escolha recaí sobre esta solução quando se trata de documentação que irá ser lacrada.

- Encadernar - com o miolo organizado procede-se à encadernação e acondicionamento do livro numa caixa acid-free produzida para o efeito. A vantagem é a restruturação da funcionalidade do papel como objecto-livro podendo-se optar por digitalizar antes de encadernar. A desvantagem é a encadernação ser um processo moroso e não beneficiar de forma mais relevante a preservação do papel/informação, não mais do que o Conservador Restaurador investir esse mesmo tempo a salvaguardar um segundo livro.

A escolha final recai sempre na priorização do trabalho e no tempo-custo-benefício de cada opção tomada. Na gestão de um arquivo de grandes dimensões é necessário pensar na documentação como um todo, intervencionando primeiro a em pior estado de conservação e a de consulta urgente.

Jani Santos